Chiliques e acessos de raiva são
como chuva de verão -- repentina e, às vezes, violenta. Num minuto você e seu
filho estão jantando tranquilamente, e no seguinte ele está chorando,
esperneando e gritando porque o canudo do suco não é da cor que ele queria.
Crianças entre 1 e 3 anos são especialmente propensas a ter esses
"ataques".
Não há por que achar que você está criando um
pequeno tirano -- nessa idade, é pouco provável que seu filho esteja tentando
ser manipulador. Provavelmente ele está tendo um "surto" por causa de
uma frustração, que ele não consegue expressar bem com palavras, porque ainda é
muito novinho.
Faça de tudo para não perder a calma você também
Respire fundo. Claro que os
ataques de birra dos pequenos não são uma coisa bonita de se ver. Além de
chutar, gritar ou socar o chão, seu filho pode jogar coisas, bater ou prender a
respiração até ficar roxo. Nessa hora, ele não escutará nenhuma "voz da razão".
Uma tática que pode funcionar é ficar perto do
seu filho durante o chilique. Sair da sala ou do quarto e deixá-lo sozinho --
por mais tentador que seja -- pode fazê-lo se sentir abandonado. A tempestade
de emoções que tomou conta da criança pode ser assustadora para ela, e ela
gostará de saber que há alguém por perto.
Alguns especialistas recomendam carregar a
criança no colo, se possível, e dizer-lhe que o abraço é gostoso. Mas outros
dizem que é melhor ignorar o chilique até a criança se acalmar, em vez de
"recompensar" o comportamento negativo. Você acabará descobrindo o
que é melhor para seu filho por meio de tentativa e erro.
Mas, por mais que o chilique dure, não ceda a
demandas pouco razoáveis. Bem que dá vontade de fazer isso, para acabar logo
com o escândalo, ainda mais quando se está em público. Tente não se preocupar
com o que os outros pensam: todo pai e mãe já passaram por isso. Se você ceder,
só vai ensinar ao seu filho que espernear é um bom jeito de conseguir o que
quer.
Além disso, seu filho já está assustado por
estar fora de controle, e a última coisa que ele precisa é sentir que você
também está sem controle.
Se a birra aumentar a ponto de ele bater nas
pessoas ou nos animais de estimação, jogar coisas ou gritar sem parar, leve-o
até um lugar seguro, como o quarto. Explique por que ele está lá ("Você
bateu na tia Maria") e deixe-o saber que você ficará com ele até ele
parar.
Em um lugar público, prepare-se para ir embora
com seu filho até ele se acalmar. Se ele começar a espernear porque o espaguete
veio com pedaços de tomate, por exemplo, leve-o para fora do restaurante até
ele se acalmar.
Quando a tempestade passar, converse com seu
filho sobre o que aconteceu. Diga que você entendeu a frustração dele, e
ajude-o a colocar os sentimentos em palavras, dizendo algo como: "Você
estava muito bravo porque sua comida não era como você queria".
Deixe-o perceber que, se ele usar palavras para
se expressar, vai conseguir resultados melhores. Diga, por exemplo, com um
sorriso: "Desculpe por não ter entendido. Agora que você não está mais
gritando, consigo saber o que você quer".
Evite situações que favoreçam os ataques de birra
Tente evitar situações que possam
levar seu filho a ter um chilique. Por exemplo, se ele é do tipo que fica muito
mal-humorado quando está com fome, carregue pequenos lanches. Se ele tem
problemas na transição de uma atividade para outra, avise-o com antecedência.
Alerte-o de que vocês estão prestes a jantar
("Nós vamos comer quando você e papai terminarem de ler essa
história"), o que lhe dará chance de se preparar.
Nessa fase, seu filho também está às voltas com
a independência, então lhe dê a chance de fazer escolhas sempre que possível.
Ninguém gosta de receber ordens a todo instante.
Perguntar se ela quer cenoura ou milho, em vez
de simplesmente mandá-la comer milho, dá à criança uma sensação de controle da
situação. Fique de olho na frequência dos seus "nãos" para ela. Se
isso virou rotina, você provavelmente está criando um estresse desnecessário
para vocês dois. Tente relaxar um pouco. Pense bem antes de entrar num impasse.
Será que realmente vai atrapalhar muito ficar
mais cinco minutos no parquinho? E será que alguém realmente se importa se seu
filho quiser usar meias de cores diferentes?
Fique de olho em sinais de estresse
Embora ataques e chiliques diários sejam normais quando a criança tem
entre 1 e 3 anos, você precisa ficar de olho em possíveis problemas. Pense se
houve algum problema sério na família, uma fase de muita correria na vida de
todos, se há tensão entre a mamãe e o papai. Tudo isso pode causar esse tipo de
comportamento.
Se seu filho tem mais de 2 anos e meio e
continua tendo altos ataques de birra todos os dias, converse com o pediatra.
Se a criança for mais nova, mas tiver de três a quatro ataques por dia e não
cooperar em nenhuma das atividades diárias, como se vestir ou guardar os
brinquedos, também pode ser o caso procurar outro tipo de ajuda.
O pediatra pode verificar se há algum problema
físico ou psicológico mais sério e sugerir maneiras de lidar com a situação.
Também converse com ele se seu filho fica prendendo a respiração de propósito
até ficar roxo (há algumas crianças que chegam a desmaiar), o que pode ser bem
assustador. Há algumas indicações científicas de que esse comportamento pode
estar ligado à deficiência de ferro.
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