sábado, 7 de dezembro de 2013

EUFORIA NO OUTRO LADO DA PONTE



Por Abdon Marinho


Euforia no outro lado da ponte

Nos meus anos de vida já vi muitas cenas curiosas. Sexta-Feira testemunhei mais uma: o editorial do Jornal Pequeno sendo brandido como um troféu pelas aquelas pessoas que o próprio JP apelidou carinhosamente de “o pessoal do outro lado da ponte”. Até parecia que esperavam uma aprovação do jornal para acreditar no trabalho que fazem na saúde. Era um tal de “viram o editorial para cá”, “viram o editorial para lá”, blogs reproduzindo o texto aqui e ali.

Sexta, 06/12, foi uma espécie de 13 de maio para “o pessoal do outro lado da ponte”. Sentiram-se todos alforriados. E Lourival Bogéa era própria Princesa Isabel. Achei engraçado. não imaginei que precisassem da aprovação de jornal ao qual dia sim e no outro também, chamam de pasquim e de outros adjetivos que não ouso reproduzir no papel. De repente estavam todos lá agradecidos e esquecidos. Coisas do Maranhão.

E o que fez o JP? Nada demais. Apenas repetiu o que eu já havia dito numa entrevista, lá pelo mês de abril, no blogue do amigo Robert Lobato (esse, aliás, um dos mais eufóricos), que não passa de tolice essa história de alguns da oposição tentar desqualificar a construção de hospitais e o asfaltamento de estradas pelo governo do estado. Lembro que quando disse isso alguns próceres oposicionistas, ocultos sob pseudônimos, chegaram a questionar a minhas palavras e até me colocaram “como inimigo da causa, um sarneysista, alguém que dizia o que dizia porque pleiteava uma vaga de desembargador, etc”. Quase morro de ri dessa infantilidade sem fim.

O que dizia e repito é o seguinte: Quando você não tem nada e passa a ter alguma coisa, existe uma grande diferença, sim. Se as pessoas para ter um atendimento básico, fazer um curativo ou mesmo dá à luz tinham que se deslocar até uma cidade maior e hoje pode fazer isso num local mais próximo, significa uma melhora para essas pessoas. Melhora que não pode ser ignorada.

A mesma coisa com relação ao asfaltamento de estradas. Qualquer um que conhece construção sabe a duvidosa qualidade das obras que estão sendo feitas. Chega a ser escandalosa. Aqui mesmo nas MA’s que cortam a ilha, outro dia na liga a Maioba ao Maracajá, colocavam asfalto de um lado, do outro já começavam a surgir os buracos, tal o nível e qualidade, já está com diversos pontos de remendos, acho que a camada de asfalto não chega a dois cm, mas a melhoria para os que ali trafegam é significativa, o alargamento de um metro meio em ambos os lados da pista deu muito mais segurança aos pedestres, motociclistas, ciclistas e motoristas. Resolveu o problema? Lógico que não, minorou. Assim é em todos os lugares (ao menos por onde andei). O governo do estado não está fazendo estradas, implantando MA’s, está asfaltando caminhos mantendo os mesmos defeitos e com obras de péssima qualidade, mas que já é um alento para quem tem que pegar a estrada.

Quando digo que não duram dois invernos, dizem que “mau agouro”, “boca do diabo” (adorei esse), na verdade é apenas noção básica do seja uma obra, do que seja saúde, do que seja educação.

A mesma coisa acontece a saúde pública. O Maranhão, com estes hospitais estaduais – cuja as construções são questionadas por diversos ângulos (muitos acusam os processos de várias coisas, desde licitação dirigida, a péssima qualidade das obras, passando por sobrepreços e outros vícios, aos quais por não conhecer não posso dá veracidade), – passa a ter alguma saúde. O que os futuros governantes precisam fazer é ampliar sua capacidade, dotá-los de médicos com especialidades e outras melhorias ou seja dar-lhes melhor resolutividade e incorporá-los à política de saúde do SUS.

Dizer que temos uma política de saúde invejável é um flagrante exagero (em outro texto devo esmiuçar alguns equívocos do que vem se fazendo neste setor), mas há que se reconhecer que já temos alguma coisa. Saímos do quase nada para o quase alguma coisa. Só que isso ainda está longe ser uma política de saúde, não é a toa que as vans continuam a percorrer as estradas do Maranhão indo para estados vizinhos, principalmente o Piauí, atrás de atendimento.

Os números do Maranhão em desenvolvimento ainda são vergonhosos sobre qualquer aspecto que os examinemos. O propalado crescimento é uma ficção. Festejar que ultrapassamos o paupérrimo estado de Alagoas é querer insultar as pessoas desde estado que têm um mínimo de noção do que seja crescimento. O Maranhão é um estado rico deveria está muito além do lugar onde se encontra. Além do mais, há ainda uma possibilidade que me foi alentada por um amigo querido, pode ser que não tenha sido o Maranhão que tenha enricado e sim que Alagoas tenha ficado mais pobre. É uma possibilidade. Uma real possibilidade. Abstraindo essa consideração há sim algum crescimento. Não poderia não haver em um estado tão rico. O que está errado é o modelo de crescimento que o governo finge não enxergar, um crescimento que concentra a riqueza nas mãos de bem poucos enquanto o restante da população fica cada dia mais pobre, conforme já mostrei em textos anteriores. É isso que está errado. É esse o modelo de crescimento que as pessoas de bem, sejam de que lado for, devem combater, pois não serve ao Maranhão.

O editorial alforriador para “pessoal do outro lado da ponte” do Jornal Pequeno apenas coloca os fatos com lucidez. Não é motivo para os “valeu, Lourival!”, “É isso aí, Lourival!”, etc. Acho até que a colocação perfeita seria: “Menos, Lourival, menos!”

Fontes: https://www.facebook.com/abdon.marinho/posts/653140471404122
“É isso aí, Lourival!”:http://robertlobato.com.br/e-isso-ai-lourival/

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